quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O Festival de todas as estrelas



Don Delillo estará em Portugal, novamente para acompanhar o Estoril Film Festival, que decorre de 5 a 14. Mas tal mal será notícia. Perante a constelação que passa pelo Estoril, naturalmente, que desta vez o escritor americano, um repetente, não ocupará extensas páginas nos jornais. O Festival de Paulo Branco coloca Portugal no circuito internacional das grandes estrelas. Este ano é certa a presença de Coppola, Juliette Binoche, David Cronenberg, entre muitos outros. Além de uma dúzia de ante-estreias e uma sessão competitiva que promete…

O Fantástico Senhor Raposo, de Wes Anderson, um dos filmes mais esperados do ano, vai ter a sua segunda exibição mundial no EFF. Isto logo no dia da abertura, às 22 e 30, depois da gala. Após The Darjeeling Limited, o realizador surpreende tudo e todos com uma animação, baseada num livro de Roald Dahl, o autor de Charlie e A Fábrica de Chocolate. Maior ainda é a expectativa para o último filme de Michael Haneke, O Laço Branco (dia 7, às 22), que venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes, e conta a história de duas crianças que fazem parte do coro de uma Igreja Protestante. São dois óptimos exemplos da qualidade elevada do Festival de Paulo Branco, sobre o qual, cada vez mais, caem os olhos do mundo.

Também premiado em Cannes foi Um Profeta, de Jacques Audiard, sobre um jovem árabe que é enviado para uma prisão francesa. Encerra o festival (dia 14, às 21 e 30). Ainda agora estreou nas salas portuguesas O Delator, e o EFF já mostra o filme seguinte de Steve Soderbergh, The Girlfriend Experience (dia 12, às 22 horas), para o qual descobriu a actriz Sacha Grey, que estará presente no Estoril. Uma bomba promete ser o novo filme de Lars Von Trier, realizador habituado a polémicas e a pequenas revoluções no cinema, que desta vez inventa-se num novo género: o terror. Como é hábito a crítica tem-se dividido em relação a Anticristo (dia 13, à meia-noite), mas entre o gore e a comédia tem todas as condições para se tornar filme de culto. A neo-zelandesa Jane Campion, que tem uma retrospectiva no festival, também ante-estreia Bright Star (dia 11, às 22 e 15), um filme passado no século XIX, que conta a história de amor entre o poeta John Keats e Fanny Brawne. Entre os portugueses, aguarda-se a estreia de Os Sorrisos do Destino (dia 7, às 19 e 30), de Fernando Lopes, numa sessão com a presença do realizador e dos actores (ver crítica p. 30). E há ainda uma grande obra Lola Montés (dia 9, às 12 e 30), a única película de Max Ophuls a cores, que é apresentada em cópia restaurada.

Os convidados são de tal gabarito e as ante-estreias tão significativas, que inevitavelmente se deixa para segundo plano a sessão competitiva. Contudo não é de todo desprezível. Aliás, Moon (dia 8, às 18), do inglês Duncon Jones, um dos filmes exibidos, também será estreado muito brevemente em sala.

Tal como aconteceu o ano passado, com 4 Copas, de Manuel Mozos, também este ano há um filme português em competição: Duas Mulheres, de João Mário Grilo. Passará em estreia mundial. A cinematografia romena continua a estar em grande destaque. No EFF está duplamente representada. Por Police Adjective, de Corneliu Porumboiu, o mesmo realizador de A Este de Bucareste (dia 6, às 17 horas). É novamente um retrato perspicaz e quase documental da Roménia, desta vez contando a história de um polícia com um dilema moral. E First of All, Felícia (dia 11, às 15 horas; dia 12, às 19 e 30), realizado por Melissa de Raaf e Razvan Radulescu, este último é o autor de A Morte do Senhor Lazarescu. Também do Leste, Eastern Plays (dia 10, às 17 horas; dias 11, às 19 e 45), do búlgaro Kamen Kalev, que conta a história de dois irmãos, outrora rivais e agora unidos.

A França é o pais mais representado, com três filmes: La Famille Wolberg (dia 6, às 15; doa 7 às 22 e 15), de Axelle Ropert, numa família disfuncional e poderosa perdida na província francesa; Le Roi de l’Evaasion (dia 11, às 17 e 15; dia 12, às 21 e 45), de Alain Guiraudie, sobre um homossexual que se apaixona; Les Beaux Grosses (dia 8, às 16 horas) é o primeiro filme de Riad Sattouf, sobre os amores e desamores de um adolescente. A Espanha está representada com Petit Indi (dia 7, às 15 horas), do catalão Marc Recha, que fala de um treinador de periquitos. Da Grécia, Dogtooth (dia 10, às 18 e 45), de Giorgios Lanthimos, com a presença do actor Christos Stergiougiou. E da Suécia, The Girl (dia 19, às 17 e 30), de Fredrik Edfeldt, que também estará presente no festival.

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