segunda-feira, 25 de maio de 2009

Palma de Ouro de Cannes para João Salaviza

Arena, de João Salaviza





Depois de ter vencido o prémio para a melhor curta-metragem portuguesa, no Indie Lisboa, Arena, de João Salaviza, foi distinguido com a Palma de Ouro do Festival de Cannes – um feito extraordinário para o cinema português. Mérito inquestionável, ainda para mais sabendo que se trata de um realizador estreante, com apenas 25 anos.

Arena é um daqueles filmes que consegue atingir uma dimensão local e universal. A história, de um jovem em prisão domiciliária, com pulseira electrónica, é um retrato localizado do ambiente de um bairro dos subúrbios de Lisboa (adivinha-se a zona de Sacavém). Mas, ao mesmo tempo, facilmente se transpõe para um qualquer outro subúrbio de uma metrópole europeia. Aliás, cinematograficamente, encontram-se parentescos com histórias dos arredores de Paris ou Marselha (por exemplo, O Ódio, de Mathieu Kassovitz). E os subúbios de Paris parecem-se mais com os subúrbios de Lisboa do que com Paris. Tal como Lisboa cidade se parece mais com Paris do que com Sacavém.


Trata-se de uma história simples e bem contada: na verdade, nem sequer há uma grande preocupação em contá-la – os elementos narrativos servem mais para a ilustração, para o retrato de uma personagem, de um bairro, dessa juventude suburbana típica do mundo ocidental.


Em Arena, destaca-se também um cuidado estético aprimorado, com uma câmara através da qual o realizador mostra o seu olhar. E mostra-se realizador. Uma pequena grande obra. Agora, depois deste prémio, exige-se que o filme entre, urgentemente, no circuito comercial.

1 comentário:

Lúcia Simões disse...

Muito fixe um realizador português ter sido seleccionado para Cannes. E ter ganho logo à primeira a Palma de Ouro...