segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O estranho mundo de nós-outros

Planeta 51, de Jorge Blanco






Um astronauta descobre um planeta distante que julga inabitado. Mas rapidamente se apercebe que por ali vive gente. Gente em tudo similar a ele, em tudo semelhante aos americanos (até no barbecue), só que com a pele verde e a ‘antena’ situada numa outra parte do corpo. Este convite à descoberta do outro, que é em tudo semelhante a nós próprios, parece um bom tema natalício para um filme de animação, que surge como uma carta fora do baralho. É que este Planeta 51 vem mesmo de uma galáxia pouco habituada a intrometer-se, em termos de animação 3D, com os gigantes Disney e Dreamworks. Apesar da produtora incluir participações americanas e inglesas, Planeta 51 é feito a partir de um estúdio de Madrid. A ousadia, no entanto, não lhe deve valer sequer a nomeação para os Óscares.

O início do filme quase poderia ser uma citação do teledisco de Thriller (Michael Jackson), de John Landis, que serve bem o conceito básico e eficaz da película. Depois há um retrato fácil da sociedade alienígena, que pura e simplesmente se baseia na América dos anos 50 ou 60, com direito a um Bob Dylan e tudo. Verdade é que a América de hoje, representada pelo astronauta Chuck, também não é representada de forma totalmente benigna: Chuck é manipulador, arrogante e um pouco bronco, mas no final revela-se um bom tipo.

O verdadeiro problema desta surpreendente co-produção espanhola é que, não procurando um estilo europeu (que tem tão boas escolas) e limitando-se a seguir o exemplo norte-americano, mas com menos meios, não se conseguiu livrar do estigma de ser um subproduto. Nunca poderia ser outra coisa. Mesmo quando o argumento não tem arestas para limar.

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