sábado, 23 de fevereiro de 2008

Eis a questão

Michael Clayton, de Tony Gilroy




Francamente há pouco a dizer sobre o sobrevalorizado Michael Clyton. É a maldição da mediania. Tudo o que se situa nessa ponto de equilíbrio não suscita exclamações, nem de elogio nem de agravo. Apenas circunspectos pontos finais. É um thriller bem composto, do estreante Tony Gilroy, argumentista da trilogia Bourne. Sem grandes rasgos nem grandes falências. Com uma coerência cromática acinzentada, adequada portanto a um thriller cinzentão passado nos meandros das negociatas nocivas de uma multinacional. Com interpretações competentes, sobretudo de Tilda Swinton, que é umas espécie de testa de ferro desta empresa agro-pecuária de má-fé, e que prepara com a minúcia do detalhe o que vai vestir nessa manhã e as respostas que irá dar na entrevista. E depois há George Cloony. E já sabemos que um só arquear de sobrancelhas de George Clooney vale mais do que muita eloquência verbal. Ele limita-se a cumprir o que se espera dele, nem mais nem menos. E acaba por impressionar mais no anúncio da Nespresso do que neste thriller limpinho e correctinho.

Clooney faz de advogado de segunda linha, um homem em apuros financeiros e em crise familiar, que apesar disso não se deixa corromper. Limita-se a cumprir o que se espera dele. E de qualquer pessoa honesta. Na vida real já não é mau. Mas para um herói cinematográfico, a honestidade é pouco.

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