quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Juvenil e jovial

Uma Aventura na Casa Assombrada, de Carlos Coelho da Silva








Antes de qualquer outro comentário, fixe-se o pressuposto: Uma Aventura na Casa Assombrada, de Carlos Coelho da Silva, é um filme assumida e deliberadamente dedicado a um público juvenil. Tal como, de resto, acontece com a colecção de livros Uma Aventura, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada. À parte disso, o filme não consegue nem pretende sair dessa esfera. Ou seja, é uma película estritamente juvenil, cheia de elementos dedicados à adolescência e pré-adolescência sem nunca ultrapassar este escalão. Que é como quem diz, para um adulto, o filme não tem qualquer interesse.
Não teria de ser assim, muitas animações da Walt Disney e da Dreamworks têm essa capacidade de se transcender, desdobrando-se em vários níveis de leitura, fazendo por agradar tanto a pais quanto a filhos. Mas, a rigor, também não teria de não ser assim: é legítimo que um filme não tenha mais ambições do que restringir o seu âmbito a determinada faixa etária.
Deverá portanto ser propositada a opção do realizador por travellings rápidos e extensos, e rotações de câmara que lembram os jogos de computador. Aliás, é feita a referência a Lara Croft. Assim, como, em determinadas alturas, o ritmo de montagem é tão acelerado que é capaz de entontecer um espectador desprevenido. Todas estas armas de realização, que se justificam atendendo ao público-alvo, são truques fáceis usados vulgarmente na televisão.
A construção das personagens, fiel ao livro, é conseguida através da evidencia das seus principais atributos. São estereotipadas quanto baste para que a história, a aventura, ganhe força: a protagonista frágil e forte, bidimensional, com a qual nos podemos identificar; o super-herói; o reguila; o sabichão; as gémeas meias tolas... Inclui vilões à moda dos bons velhos desenhos animados, com adjuvantes estúpidos e incompetentes. Aposta no humor, com algumas boas deixas nos diálogos, e na aventura, satisfatoriamente empolgante para o público em causa.
Cinematograficamente, é um objecto pouco interessante. Quando a ambição artística é curta, mais longe não se pode chegar. Mas não deixa de ser salutar esta aposta inédita ou quase em Portugal por um filme dedicado ao publico juvenil. Feito de uma forma competente, aceitável, correcta. Não entra por caminhos ínvios, de deturpação moral, ou de infracções de princípios pedagógicos, que embaracem a actual ministra da Educação. É apenas uma aventura, que vai buscar elementos a várias histórias da dupla de escritoras mais bem sucedida do nosso mercado. Uma aventura com acção, suspense, fantasmas de verdade e outros que nem tanto… com uma implícita vontade de crescer.

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