sexta-feira, 19 de junho de 2009

A bela é o monstro

Sedução Mortal, de Jonathan Levine





All The Boys Love Mandy Lane (VOST)
Enviado por gotti57. - Veja outros filmes e emissoras de televisão em video



Não sei se já ganharam o estatuto de género cinematográfico, mas os filmes de terror para adolescentes tornaram-se num importante nicho de mercado pelo menos desde que Wes Craven iniciou a série Gritos. E já lá vai uma dúzia de anos. Têm-se seguido obras, quase todas menores, que perseguem o filão, criando uma série de regras sob as quais se devem gerir estes filmes, de que fazem parte, naturalmente, uma forte identificação com o meio. Obviamente, que tudo isto está desenhado para a realidade americana. Curiosamente, ao contrário do que era típico no outro cinema de terror, que privilegiava terras geladas e ventosas, ermos e castelos, neste subgénero (chamemos-lhe assim) parece haver uma predilecção por terras áridas, soalheiras e planas – como é o caso do Texas, apresentado como um imenso Alentejo sem urze.
Sedução Mortal, de Jonathan Levine, é o típico filme de terror para adolescentes, com todos os ingredientes, escolhidos a dedo, para agradar este, por vezes tão difícil, público-alvo. Aqui a fórmula é clara. E inclui algum picante (um ambiente de sexo, drogas e rock’n’roll), anti-educativo, que certamente desagradará aos pais. Estimula assim de forma ainda mais explícita o estigma transgressor de ver um filme provavelmente classificado como interdito a menores.
Passa-se no Texas, primeiro numa escola secundária e depois num rancho. Esteticamente está desenhado como um enorme teledisco, por um lado, e como uma série televisiva (uns Morangos com Açúcar um bocadinho melhores), por outro. As próprias personagens parecem saídas do Beverly Hills 90210 (desculpem não dar exemplos mais recentes). E do argumento fazem parte festas na piscina e conversas sobre gorduras.
Estruturalmente está organizado de forma bastante convencional. Após o incidente inicial, durante cerca de metade do filme o realizador entretém-se a pregar-nos pequenos sustos, servindo-se da montagem, com personagens que aparecem de repente, sem que aconteça mais nada além disso. E, a partir daí, as coisas, o massacre do Texas, começa mesmo a acontecer.
Sem clamorosas falhas de argumento, procurando a esperada surpresa do final, consegue alcançar um nível mediano. Com a vantagem de também não se propor a ir mais longe do que isso. Uma montanha russa que não provoca grandes comichões na barriga.


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