segunda-feira, 23 de março de 2009

Dá a patinha




Marley & Eu, de David Frankel




Está bem! Há filmes que sofrem desta irritável leveza do ser. E basta ver o trailer ou o cartaz com o casal de louros (Owen Wilson e Jennifer Aniston) e um cachorrinho também louro (labrador), e fica logo tirado o retrato. E isso é tudo verdade. Mas ao contrário do que sugere o marketing, esta não é uma história à Disney de um cão muito endiabrado que tem dois donos e imenso potencial divertido. Esta é a história de um jornalista americano que tem uma mulher, uns filhos e também um cão. E isso pode levar ao engano muitas crianças, arrastando os respectivos paizinhos, para verem as aventuras de Marley (chama-se assim em homenagem ao próprio jamaicano) Afinal, trata-se de uma comédia romântica para adultos, baseadas nas crónicas reais do próprio jornalista depois passadas a livro que se tornou best-seller. Claro que existe um cão na história, mas também existe um casamento, os dramas de um jornalista frustrado com as notícias sobre lombas na estrada ou incêndios na lixeira que tem de cobrir. Também há as inquietações existenciais dos 40, as opções profissionais, e outras questões da vida banal... O protagonista arranja um cão para adiar o instinto maternal da mulher, e vive numa cenário de férias permanentes, numa Miami, cheia de praias e ordem urbanística. Depois tem promoções, convites promissores de outros jornais (enfim, coisas que só acontecem na América…) e muda-se para outro cenários paradisíaco, para outra casa fantástica, outro sítio perfeito para criar crianças, cães e outros mamíferos que fossem. As últimas cenas são daquelas que arrancam pedacinhos de coração com uma colherzinha de café - recursos de filme de terceira categoria, e que fazem verter lágrimas até ao mais indefensor dos direitos dos animais. Mas fora isso, até é um filme honesto – e até mais interessante que o piroso O Diabo Veste Prada.

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