Indiana Jones e O Reino da Caveira de Cristal, de Steven Spielberg


Os 65 anos de Harrison Ford são completamente irrelevantes. A dupla Spielberg e Lucas teve a inteligência de quase fazer parecer o filho mais demodé que o pai. O filho é que tem o hábito ridículo de passar o pente pelos cabelos, é que usa navalha ponta e mola, é que é um bocado bronco e tem uma aparência antiga. Apesar de todos os agentes Bourne que já lhe sucederam nos filme de acção, Indiana Ford ou Harrison Jones não parece old-fashioned, mantém uma aparência inatacavelmente do século XXI.
Século XXI nos anos 50. Se os anteriores Indianas tinham a marca filme de aventura do anos 30, e 40 – A Última Cruzada até possuía um toque muito westerniano no início, – este é um típico filme anos 50. Até no MacGuffin que escolhe para desencadear a história: as misteriosas caveiras de Cristal com ligações extra-terrestres muito pouco subtis. E este é um dos pontos decepcionantes do Reino da Caveira: o facto de ser tão expressamente Twilight Zone. Torna-se num misto de Tintim e o Templo do Sol, em que a trupe do famoso repórter também atravessa uma queda de água para entrar no templo dos adoradores do sol, e do Voo 714 para Sidney, onde aparecem ovnis e representantes de ETs, a demonstrar que houve mão extra-terrestre nalguns dos mistérios mais irresolúveis da civilização... «Os deuses marcianos eram arqueólogos», é a conclusão que Indiana tira perto do final do filme.
Desta vez a matéria movediça que cobre o chão são formigas gigantes –muito menos excitantes do que as cobras, os escaravelhos ou os ratos dos anteriores Indianas. Os compagnons de route desta aventura, a regressada Marion Ravenwood, o espião triplo e o cientista patarata, são destituídos de carisma. A fluência das peripécias não mostra o mesmo ritmo adrenalínico de outrora. E existe alguma cedência à infantilização que ataca os públicos de agora – até aparecem uns «macaquinhos fofinhos» ao pior estilo Disney. Está presente, mais uma vez, o proverbial sentimentalismo familiar e paternal de Spielberg. Mas a grande chicotada final na personagem é o casamento. Quase como uma aposentação. Mas ao menos não passa o testemunho do chapéu.
1 comentário:
Ola.Gostei bastante das criticas.Principalmente devido ao facto de não se cingir apenas a dizer o que ja todos virão e também o que todos esperam que se diga.Isto é, tem uma opinião própria como infelizmente não tenho visto desde há muito, posso mesmo dizer desde a instição da revista cinematográfica Premiere.
Eu própria como apreciadora da 7a arte tenho o meu próprio blog de cinema e gostaria que um dia passa-se e desse uma "olhada" (cinemaschallene.blogspot.com).
Como última observação deixo em promenor a esta critica acerca do último filme de Indiana Johnes.Apesar de nessa altura não ter feito post por ainda não ter iniciado o meu blog, pensei exactamente o mesmo- que o os autêncticos filmes que me premiaram com aventuras minimamente realisticas e por isso emocionantes parecem ter sido trocadas com o conteúdo que falta no último filme X-Files.
Continuação de um bom trabalho.
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