segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Filme da Treta (o verdadeiro)

A Arte de Roubar, de Leonel Vieira




É um daqueles filmes que não dá vontade de falar, só de pontuar. Com «!?!». Ou «???». Ou então, aproveitava-se para dar uso àquelas teclas de pouca rodagem no computador: «*& fdmflnmen**dlakcmytrrsd<**», como se faz nos balões de BD. Embora a retórica dos três pontinhos seja sempre imbatível. Enfim... É pena, porque Leonel Vieira, produtor do Filme da Treta (como sempre se anuncia), é um hábil realizador, que se tinha saído até muito bem em O Julgamento, o seu último e melhor filme. É que para filmar à Tarantino não basta querer – assim como para fazer um desenho à Picasso não basta juntar três traços. Não basta querer nem sequer crer. Leonel Vieira resolveu semear elementos tarantinescos do princípio ao fim da história (as personagens, as situações, a música, a estrutura...), mas o que colheu desta semeadura não foi um filme «à tarantino», foi antes uma mascarada. Na verdade, A Arte de Roubar parece um baile de máscaras, subordinado ao tema Tarantino, com um toque alucinado de Piratas das Caraíbas. Todas as personagens são hiperactivas, os homens palitam os dentes em saloons e usam imenso a «f word» (todos falam inglês), e conduzem pelo faroeste das lezírias. As mulheres são hispânicas e chamam-se Lolas. Há zombies, gangsters falhados, toureiros, anões e ainda um Nicolau Breyner, em versão «apetece-lhe tomar algo». O que para baile de máscaras seria um sucesso. Para filme...

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