quarta-feira, 15 de abril de 2009

Fura-cão







Na etiqueta do Ciclone desta semana, os programadores do FINAL CUT, depois de acesa, aturada e canina discussão, chegaram ao consenso possível neste ciclo, dedicado aos melhores amigos dos homens e das mulheres (pois, nada de diamantes): os cães.

A acompanhar o nosso inquérito (a votação para o melhor cão do cinema está a decorrer, pode votar na coluna ao lado), aqui ficam os oito filmes, com cães lá dentro, algum pêlo e milhões de células olfactivas. Deixámos de lado, toda a animação, os mais óbvios, e muitos clones na senda das Lassies e Beethovens. Mas estes, de alguma maneira, foram os que primeiro nos deram trela.

Ainda ontem diziam num programa do National Geographic, que os cães são uma invenção do homem.

Portanto, todos os cães são transgénicos. O certo é que eles andam de olho em nós, humanos, há muitos milhares e milhares de anos. Fique também de olho neles, nestes filmes que seleccionámos para si.

Marley & Eu, de David Franket – 2008


É um filme que vem com um truque de marketing anexado. Na verdade, não é a história de um cão. É a história de um homem que além de um labrador amarelo tem uma família, uns filhos, um casamento, um emprego, problemas conjugais e profissionais e existenciais… O cãozinho fica sempre bem no cartaz e nas receitas de bilheteira. Ainda que seja um filme de silly season antecipada, tem pelo menos o mérito de tratar os jornalistas (o dono do cão é jornalista) como pessoas que escrevem artigos sobre coisas maçadoras como os incêndios nas lixeiras e lombas na estrada, e não como seres publicitários que só servem para efeitos promocionais…



Gran Torino, Clint Eastwood - 2008


Um velho homem com o seu velho cão…. Daisy tem a particularidade de rosnar menos do que o seu dono. Não tem grande relevância para a história, a não ser para salientar os preconceitos do protagonista, que teme que os vizinhos vietnamitas lhe devorem o cão… Nos últimos 15 minutos, tem um papel simbólico, naquela grande arrumação final, e naquele nó de muitas pontas e trelas soltas.






Este País Não é Para velhos, de Joel e Ethan Coen (2008)

O Pitt Bull também não é nada relevante para aquela barafunda de história de uma mala de dinheiro e do um psicopata com o pior penteado da história do cinema. Apenas achamos que a cena de perseguição protagonizada pelo cão e por Josh Brolin vale quase o filme inteiro. Era algo que ainda nos faltava ver no cinema, uma perseguição aquática e extraordinariamente bem filmada, em que o cowboy se salva no último instante, tal como nos filmes do faroeste. Aliás, os irmaõs Coen devem ter uma fixação por cães dentro de água. Uma das cenas mais marcantes do filme O Brother Where Art Thou? (2000) é aquela em que, num relance, se vê um cão debaixo de água a ser arrastado por um Mississipi que submerge tudo.

Go Go Tales, de Abel Ferrara (2007)

No meio dos corredores enconsos de um cabaret decadente, entre o levantamento de rancho das strippers, bilhetes da lotaria extraviados, uma máquina de bronzear em curto circuito, um cozinheiro gourmet exigente, turistas chineses mal-encaminhados e o dono do bar a braços com isto tudo, estão dois cães que também participam na lap dancing.

Beethoven, de Brian Levant (1992)

É uma cedência às massas, confessamos. E aos visitantes mais novos. Além disso, ninguém pode discordar: um São Bernardo enche sempre um ecrã. Melhor que um pincher ou que do que um piquinois.



Umberto D., de Vittorio de Sica (1951)


É um dos filmes mais extraordinários de todos os tempos. Muito neorealista, dramaticamente comovente e com a assinatura De Sica. Não nos lembramos de nenhum outro em que a relação entre um homem e o seu cão esteja retratada em toda a sua intensidade e tragédia.


Lassie, de Fred M. Wilcox (1943)


É também uma cedência, mas desta vez mais às recordações de infância de uma série que também passou na TV, no tempo dos dois canais e do conta-me como foi. A Lassie é uma referência. A lassie está para os cães como os Black & Deckers estão para os berbequins, ou os Caterpillers para as escavadoras, ou o Kispo está para os impermeáveis…


Feiticeiro de Oz, de Victor Fleming (1939)


O Toto não quer um coração, nem coragem, nem um cérebro. Mas suspeita-se que também queira voltar para casa. Ele é aquele bolinha de pêlo que segue a Judy Garland pela estrada de tijolos amarelos. Because, because, because, because/ Because of the wonderful things he does…

Mas… a escolha é toda vossa. O voto é soberano.

(o inquérito está já aqui ao lado)

5 comentários:

Ladislau disse...

O que eu gosto mais é do cão dom pantaleão e do cão apenas cão do Barata Mpoura. Mas esses não entraram em nenhum filme. Do cão triste do Manuel Alegre já não gosto tanro, prefiro os cães danados

Anónimo disse...

E do cão do O´Neill, gostas?

Anónimo disse...

Esqueceram-se do cão das lágrimas do Ensaio Sobre a Cegueira do Saramago, pá... Bela Visão! Agora têm de repetir o inquérito, outra vez...

Ladislau disse...

Não respondo a anónimos... Nem a cães com orelhas de gato

Educacão FERNANDO SILVA disse...

Na cena da perseguição do filme Este pais não é para velhos.
So é pena terem usado um cão boneco para a cena depois do tiro,
de resto esta muito bem