quarta-feira, 15 de abril de 2009

O que é que o Indie tem

Miguel Valverde, director do Indie Lisboa

É um dos maiores festivais de cinema em Portugal. Duzentos e cinquenta filmes serão exibidos em várias salas da cidade de Lisboa, entre 23 de Abril e 3 de Maio. Todos com uma estética alternativa. Na sexta edição, o Indie volta a surpreender com uma programação rica e variada, que inclui uma homenagem a Werner Herzog e a ante-estreia do último Oliveira. Falámos com Miguel Valverde, um dos seus directores, sobre um festival exigente, mas que atrai cada vez mais público.

O que é isto do cinema independente?
Miguel Valverde:
Estamos a tentar deixar cair um bocado essa ideia, apesar do nome do festival. Nós procuramos os filmes de que mais gostamos, não os mais independentes. Escolhemos apenas os 250 melhores filmes que vimos ao longo do ano. Coincide com um tipo de cinema, que pode ter a ver com independência autoral, com alternativas à indústria ou ao poder. Mas alguns dos filmes que vamos passar são grandes produções que custaram muito dinheiro.

Esta edição do festival é melhor do que a do ano passado?
Acredito sempre que sim. Tentamos aperfeiçoar o que correu pior no ano anterior. Este ano já estamos a passar filmes em HD. Tentamos melhorar as salas e afinar os critérios de programação. A todos níveis.

Um dos grandes destaques da programação deste ano é a ante-estreia, em Portugal, do filme de Manoel de Oliveira, Singularidades de uma Rapariga Loira. Como se enquadra na programação? Acham que é um realizador que tem tudo a ver com a programação?
Enquanto realizador, achamos que sim. Passou por toda a história do cinema português sem nunca entrar numa caixinha. Esteve sempre para lá de todas as tendências, fez o seu trabalho sempre à margem. Nunca tinha acontecido passar um filme dele, porque que, desde que o festival começou, os filmes não se enquadravam ou o calendário não permite a ante-estreia. Quando vimos Singularidades… pareceu-nos que havia um Oliveira com um novo vigor, uma nova energia, como não víamos talvez há uma década. Ao passar os 100 anos parece que ele descobriu uma coisa nova. Encaixa-se perfeitamente no festival.

Outro grande destaque é o Wener Herzog, o herói independente…
É o autor mais conhecido que já passou pelo festival.

Ele vai estar presente?
Ainda não está confirmado. Tinha dito que sim, só que o filme que está a fazer com o David Lynch sofreu alguns atrasos e passou a coincidir com o festival. Mas tenho a esperança que se volte a atrasar, por isso a passagem de avião ainda está reservada. O irmão dele, que é o produtor, estará cá. Assim como a Graça Paganelli, que é a cooredenadora do programa Herzog e autora do livro Sinais de Vida. Ela preparou um programa muito especial, a pensar em nós.

Se alguém lhe dissesse que só tem tempo para ver três sessões da vossa programação, o que aconselharia? Do Oliveira já falou…
Isso é mesmo muito difícil, são 250 filmes…. Não me vou referir a nenhum filme da competição, porque não o posso fazer… Mas talvez Of Time and the Citiy, de Terence Davies; Serbis, do filipino Brillante Mendonza, e JCVD, de Mabrouk El Mechri, sobre o Jean Claude Van Damme.
O Final Cut vai oferecer bilhetes para o Indie. Tome atenção!

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