quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Cadê a esperança?

A Esperança Está Onde Menos se Espera, de Joaquim Leitão



Em A Esperança Está Onde Menos se Espera (estreia-se dia 17), o realizador filma a história de um "mister" tão honesto, tão honesto que não há lugar para ele no mundo do futebol e passa a servir às mesas. E de uma família de novos-ricos brancos que ficam pobres - a mãe tem de emigrar para Luanda e o filho de abandonar o colégio particular e ingressar no (ó desgraça, ó martírio) ensino oficial e multi-étnico. E de outra família de cabo-verdianos pobres… que continuam "pobretes". Mas "alegretes".

VISÃO/FINAL CUT: Depois de Até Amanhã Camaradas (2005) e de 20:13 (2006), O Joaquim Leitão também aparece onde menos se espera: num filme com personagens do futebol e namoricos de liceu…

JOAQUIM LEITÃO: Tomo isso como um elogio. Eu tento sempre não me repetir. O que me dá prazer é experimentar outro género de filmes. Há um lado espontâneo que eu não controlo que é a minha vontade de fazer um não determinado filme.

Apeteceu-lhe fazer um filme para adolescentes?
Sinceramente não consigo definir as coisas nesses termos. Este filme toca a toda a gente. Mas não me sinto ofendido com essa classificação. Claro que a parte dominante da história reflecte o mundo dos adolescentes, mas toda a parte da relação pai-filho é capaz de suscitar emoções. No final da ante-estreia muitas mulheres vieram ter comigo, comovidas…

Este filme foca um aspecto pouco abordado no cinema português: que são as casas de luxo com frigoríficos vazios…
Sobretudo interessou-me dramaticamente a mudança… O facto de uma pessoa habituada a ter tudo passar a não ter nada. Há quem tente, apesar disso, manter as aparências, mas não se vive eternamente do cartão de crédito.

É problemático realizar um filme em que o produtor (Tino Navarro) também é co-autor do guião (com Manuel Arouca)?
Não. Assim com aceito as suas sugestões também as rejeito. A partir do momento em que estou a filmar há uma autoridade final que sou eu

Gostou de rodar na Cova da Moura?
Foi óptimo, tive mesmo muito prazer em filmar lá. Fomos muito bem recebidos. Os moradores perceberam que não estávamos com intenção de denegrir, mas também de não iludir que lá existe tráfico de droga. O problema é que só esse lado negativo pode anular tudo o resto… Mas não tivemos nenhuma contingência. Seria mais difícil filmar no Rossio do que na Cova da Moura. Neste vinte anos de filmagens nas ruas de Lisboa, é raro as pessoas não se intrometem, há sempre um bêbado aos gritos em fundo, faz parte… Aqui não tivemos nada desse género.

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