terça-feira, 30 de junho de 2009

Quem tem medo de Michael Jackson?

Thriller, de Michael Jackson, realizado por John Landis (versão integral)
Até aqui, no Final Cut, nos deixámos contagiar pela onda revivalista de Michael Jackson. Mas não sou daqueles que, subitamente, o transforma no herói da sua vida. Em nome próprio confesso que não tenho nenhum disco do cantor americano nem tenciono comprar (muito menos agora que o stock se está a esgotar nos armazéns). Digo ainda, correndo o risco de passar por terrivelmente presunçoso, que tal não faz grande falta à minha discoteca de quatro mil títulos. Mais facilmente compraria o vídeo, que saiu em 1997, com a compilação dos seus melhores telediscos. Porque a música de Jackson ganha uma nova dimensão quando se vê. Verdade que sim. E Thriller, em concreto, não só foi o álbum mais vendido de sempre, como um dos mais marcantes telediscos da história da música pop, concedendo uma nova dimensão ao género que, se não é cinematográfico, é pelo menos televisivo. E, aos poucos vai ganhando um estatuto mais nobre, ao ponto de já haver crítica especializada e festivais prestigiados, como o de Vila do Conde que está prestes a começar, incluem uma secção do género nas suas sessões competitivas.
Realizado por John Landis, então um principiante em filmes e, sobretudo, série de terror, Thriller traz a enorme inovação de ser um filme antes de um teledisco que ilustra imagens. A curta-metragem começa antes da música e termina depois. Dura, no total, oito minutos (a versão integral, aqui apresentada, tem 13!) – duração incompatível com os moldes da MTV de hoje. A história está bem contada e homenageia o actor Vincent Price, autor de um rapa que deu origem à música. É um filme de zombies musical, com coreografia à altura (concebida por Michael Jackson e Michael Peters), emoção, divertimento e terror, e uma punch line que agora, depois da sua morte, poderá parecer, no mínimo sinistra.
Goste-se ou não, com o seu talento de pop star, bem-sucedido na arte de construir as massas, Michael Jackson protagonizou um dos telediscos mais hipnotizantes de sempre, sustentando a ideia de que as imagens em movimento são uma ferramenta essencial para vender música. E basta um tão eficaz filme de zombies de série B para catapultar um single para os tops. Estávamos em 1983. Entráramos definitivamente nos anos 80.

1 comentário:

Eleutério C. disse...

Eu tenho medo de zombies, de lobisomens e do peter pan
Eleutério