quinta-feira, 23 de julho de 2009

A marginal idade

Entrevista com Laurence Ferreira-Barbosa, autora de Ou Morro ou Fico Melhor





O estranho mundo dos adolescentes parece estar de definitivamente na mira dos realizadores franceses. Depois de A Turma, mais um filme que procura descodificar as caixas negras destes seres bipolares, que enfrentam o futuro com borbulhas no rosto. Em Ou Morro ou Fico Melhor, da realizadora luso-descendente Laurence Ferreira-Barbosa, há um adolescente perdido, que caminha sem GPS num mundo que não o compreende (o mundo nunca compreende os adolescentes). Até que entram em cena duas enigmáticas gémeas (as freaks da turma), também muito incompreendidas, que lhe podem mostrar qual a direcção para o ritual de passagem

Todos os adolescentes são difíceis, mas o Martial tem traços demasiado vincados. Não está só à margem do mundo dos adultos, mas também do mundo dos adolescentes. Tal como as gémeas. Porquê?
É fácil que os adolescentes comunguem deste sentimento, de estarem mal com o mundo e não quererem integrar-se. Isso talvez se deva à sua situação familiar, ou talvez não. Por isso ele aproxima-se das gémeas que são muito marginais. É um encontro entre pessoas que se sentem sós.

Elas parecem tão perigosas que, quando se aproximam de Martial, ele protege-se com um canivete…
Este não é um filme fantástico, nem de terror, nem de ficção científica, por isso, trata-se de um apontamento de humor… Elas, na verdade, não são perigosas… Eu jogo com a ideia de gémeas temíveis

A intrusão de Martial no universo fechado das irmãs é uma ameaça ao seu equilíbrio…
As irmãs estão constantemente a testá-lo. São jogos de iniciação que ele tem de passar para poder «brincar» com elas. Levam-no a um mundo muito especial, em que vão a casas de pessoas desconhecidas, para entrar na vida de estranhos. É um jogo de crianças: vamos fingir que somos outras pessoas. Elas jogam com ele e ele gosta. Depois apaixonam-se por ele, e dá-se uma grande rivalidade e o ciúme. Ambas tentam conquistá-lo. Mas sabem que se uma tenta fazer qualquer coisa por si própria depois sente-se culpada. Por isso é que uma das irmãs diz: «Enquanto nos mantivermos juntas não seremos normais, para ser normal terei de matar a minha irmã».

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