terça-feira, 2 de junho de 2009

Ciclone: 7 curtas portuguesas

Numa altura em que João Salaviza ganhou a primeira Palma de Ouro do cinema português, um ciclone com sete outras curtas portuguesas recentes, com destaque internacional

Estória do Gato e da Lua, de Pedro Serrazina (1995)



Antes havia Abi Feijó e pouco mais. Até que apareceu um filme extraordinário que colocou a animação portuguesa no circuito mundial. Estória do Gato e da Lua ainda hoje é o cartão de apresentação de Pedro Serrazina. Venceu prémios em festivais. E abriu-lhe enormes portas. Hoje vive em Londres e dá aulas de cinema. Curiosamente, nunca voltou a conseguir fazer um filme tão bem conseguido como o da sua estreia. Mas, na animação, mais do que em qualquer outro género cinematográfico, é preciso dar tempo ao tempo.

Parabéns, de João Pedro Rodrigues (1997)


João Pedro Rodrigues, por si só, é responsável por uma quota significativa da produção de cinema gay e lésbico no nosso país. A sua primeira curta-metragem, Parabéns, abriu-lhe o caminho para uma cinematografia original no nossa panorama, onde se encontram as longas O Fantasma e Odete. Parabéns teve uma menção especial no Festival de Veneza e circulou por muitos festivais. Em 2008 regressou ao formato curto, com China China, uma inesperada variação temática, num filme notável sobre imigrantes chineses em Portugal.

A Suspeita, de José Miguel Ribeiro (1999)



Não ganhou nenhuma Palma de Ouro, mas foi o primeiro filme português a receber o Cartoon d’Or, nada mais nada menos do que o mais importante prémio para cinema de animação na Europa. Não foi nomeado para os Óscares por uma unha negra (calhou nesse ano as nomeações para a categoria passarem de cinco a três) e esteve presente em mais de duas centenas de festivais. É uma animação em volumes, passada num comboio, com uma história bem portuguesa, com personagens fortes e o suspense de um policial. Para todas as idades. Foi um sucesso tal que teve direito a uma exposição no Museu da Marioneta. José Miguel Ribeiro tornou-se um dos grandes nomes da animação europeia, com filmes como Passeio de Domingo (que passou no Indie Lisboa deste ano) ou a série As Coisas Lá de Casa.

Inventário de Natal, de Miguel Gomes (2000)


É um dos mais importantes nomes da nova geração de cineastas. Antes do enorme sucesso de Aquele Querido Mês de Agosto, Miguel Gomes fez um fabuloso percurso pelas curtas metragens. Inventário de Natal, a sua segunda película, é, provavelmente, onde mostra de forma mais contundente o seu talento criativo. Entre outros traços, a sua cinematografia caracteriza-se por uma intensa ligação com a música e um cuidado extremo na fotografia. A adolescência é a temática predilecta. E utiliza preferencialmente não actores. Inventário de Natal circulou pelos principais festivais internacionais, assim como outros curtas-metragens, como Entretanto ou Cântico das Criaturas.

Corpo e Meio, de Sandro Aguilar (2001)

Mais do que qualquer outro, Sandro Aguilar é o ex-libris da geração curtas. Criou logo em 1999 a produtora O Som e a Fúria, hoje dirigida em parceria com Luís Urbano, que é responsável pela produção de algumas das mais importantes curtas metragens portuguesas da última década: filmes de Miguel Gomes, João Nicolau, entre outros. Revela uma coerência extrema e uma linguagem muitíssimo original desde a sua primeira obra e tem sido repetidas vezes premiado em festivais. Corpo e Meio, realizado por encomenda de Porto, Capital Europeia da Cultura, recebeu o prémio para melhor filme europeu em Vila do Conde (o mesmo aconteceu com A Serpente). Recentemente, estreou-se em sala a sua primeira longa metragem, A Zona, onde o rigor estético e a coerência forma se mantêm imaculadas.

História Trágica com Final Feliz, de Regina Pessoa (2005)




No catálogo da Agência de Curtas-Metragens lidera na lista de participações em festivais. Ao todo 163! E com mais de uma dezena de prémios e menções honrosas em alguns dos mais importantes festivais internacionais. A realizadora, discípula de Abi Feijó, desenhou uma história simples e comovente, profundamente poética e com leitura universal. É um dos nomes a fixar na animação europeia.

Rapace, de João Nicolau (2006)




Foi o primeiro filme português a receber o prémio internacional em Vila do Conde. Uma história urbana, passada em Telheiras (Lisboa), mas, ao contrário de Arena, focando uma classe burguesa e uma juventude vazia. O filme fez uma notável digressão por festivais, ganhando prémios em Milão, Réus, Belfort e Santiago de Compostela. João Nicolau apresentou em Cannes a sua nova película, Canção de Amor e Saúde.

1 comentário:

Jorge Tomás disse...

Magnífico post!