Tomás Alves, o Simão Botelho de Um Amor de Perdição
Enquanto actor, é a maior revelação do cinema português desde Alexandre Pinto, apresentado por Teresa Villaverde, 1998, n’Os Mutantes. Tomás Alves, fixem este nome, tem um perfil diferente. E porventura mais versátil. N’Um Amor de Perdição, de Mário Barroso, porta-se como uma estrela. Como se o grande ecrã fosse desde sempre a sua vida. Uma sobriedade incrível para quem, na altura, tinha apenas 16 anos e mal sabia quem era Simão Botelho. Convenceu Mário Barroso ao ponto deste trocar as voltas no casting. Pretendia um Simão mais frágil, e Tomás é alto, forte e bonito. Mas tem tudo o resto. Aquela dimensão interior, do que não se diz. «Essa foi uma das minhas dificuldades», explica, «porque no teatro diz-se tudo.»
O teatro é a sua escola, mais concretamente, a Escola de Teatro de Cascais, onde recentemente acabou o curso. Foi Catarina Wallenstein que o apresentou a Mário Barroso. Também a actriz se deixara impressionar pelo seu talento e sabendo que o realizador procurava desesperadamente um actor principal, não hesitou. Tomás atirou-se ao filme de cabeça. Quase não teve tempo para estudar o argumento. Mas tudo correu bem. E agora cresceu-lhe o bichinho do cinema. «Quero fazer cinema e teatro», diz «televisão não me agrada muito». Isto, apesar de ter tido uma pequena participação na telenovela Floribela e integrar o elenco de Rebelde Way.
Dá-lhe mais prazer integrar a Companhia 373, que recentemente apresentou uma peça de John Herbert, com encenação de José Henrique Neto. É um grupo que saiu da escola de teatro, com apenas cinco elementos, e um gosto especial pela arte.
Outro prazer é a música. Com o irmão e meia dúzia de amigos formou os Katharsis (ouvir em www.myspace.com/skatharsis), uma banda pop com influências étnicas, onde toca baixo e, por vezes, canta. «É a isto que me estou agora a dedicar de forma mais séria», diz. Já gravaram uma maqueta e preparam algo maior.
Nascido em Lisboa, em 1989, na infância Tomás Alves passou cinco anos em Madrid, pelo que é perfeitamente bilingue. Assim não descarta a hipótese de continuar os seus estudos na capital espanhola. Portugal não é o limite. Contudo, quando se lhe pergunta: Com que realizador gostaria de trabalhar? Não hesita em responder «Manoel de Oliveira». E acrescenta: «A Catarina teve essa sorte, quem sabe não terei também a mesma oportunidade».
Entre os actores que admira, estão Nuno Lopes, Ivo Canelas, Gonçalo Wallington e Beatriz Batarda. Ainda não recebeu nenhum convite, mas espera que o filme desperte o interesse. Diz que não conheceu no liceu ninguém com uma paixão tão radical como a de Simão Botelho, mas acredita que a história possa interessar à sua geração. No final da conversa nada leva a crer que esta foi certamente uma das suas primeiras entrevistas, tal é o à vontade e a resposta pronta. Quem fala assim vai dar que falar.
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