segunda-feira, 11 de maio de 2009

Catarina Wallenstein: a actriz do momento


Catarina Wallenstein em Um Amor de Perdição, de Mário Barroso (em cima)
... e na Rodagem de Singularidades de uma Rapariga Loura (em baixo)



É a actriz portuguesa do momento. Catarina Wallenstein, 22 anos, está no grande ecrã com papéis importantes em três filmes portugueses em simultâneo: Um Amor de Perdição, de Mário Barroso; Singularidades de uma Rapariga Loura, de Manoel de Oliveira; e A Vida Privada de Salazar, de Jorge Queiroga. Não se fala tanto de uma nova actriz desde que Ana Moreira se estreou n’Os Mutantes, de Teresa Villaverde. Beleza e talento conciliam-se num rosto do futuro.
O apelido rima com cinema. Catarina é sobrinha do actor José Wallenstein. Mas também poderia rimar com canto lírico, pois é filha de Lúcia Lemos, ou com o contrabaixo, o seu pai é Pedro Wallenstein. Ela diz: «Não posso passar um dia sem cantar». A ideia começou por ser, de resto, seguir a voz da mãe.
Estudou no Liceu Francês, paralelamente, na Associação Musical dos Amigos das Crianças, onde cimentou o gosto pela música, estudando violoncelo e canto. Integrou o coro infantil da escola que chegou a actuar nas óperas do São Carlos. E assim, em criança, o seu sonho era mesmo tornar-se cantora lírica. Entretanto, começou a fazer teatro no Liceu Francês. Ao segundo, apaixonou-se pelo ofício. «Não me recordo quando decidi que queria ser actriz». Mas o certo é que se inscreveu em ambos os conservatórios: de música e de cinema e teatro. Mas no final do primeiro ano, aproveitou uma oportunidade, e integrou o elenco de Os Lobos, de José Nascimento, a sua estreia no grande ecrã. Pouco depois de voltar para a Escola, soube que tinha entrado no conservatório de Paris, que tem umas vagas para estrangeiros. «Sempre achei que devia aproveitar o facto de ser bilingue».
O primeiro trabalho de todos foi uma série para a SIC, chamada Só Gosto de Ti. E teve outras participações curtas, em séries como Nome de Código: Sintra e Diz-me como foi.
Foi com Mário Barroso que gostou mais de trabalhar. «Escolhi-a sem ter visto Os Lobos», explicou, ao JL, o realizador. «Houve um óptimo entendimento com o Mário Barroso e aprendi muito», conta Catarina, que, inclusive, deu uma ajuda no próprio casting, ao sugerir Tomás Alves para o papel de Simão.
Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, fez parte plano de leitura obrigatória de Catarina Wallenstein. Mas claro que, na altura, nunca imaginou que pudesse vir a desempenhar o papel de Mariana, numa adaptação cinematográfica. «Estava mais reocupada com a matéria que ia sair no teste», admite. No filme, Mariana acaba por ter o principal papel feminino, já que Mário Barroso optou por quase não filmar Teresa (Ana Moreira). A relação entre Simão e Teresa é meramente platónica, a sensualidade é transferida para Mariana. «Foi importante trabalhar a personagem, para que não fosse apenas uma menina tola e loucamente apaixonada. O seu amor não é inocente e puro, está povoado de uma revolta».
É o papel oposto ao de Luísa, em Singularidades de uma Rapariga Loira, de Manoel Oliveira, onde retrata uma mulher manipuladora e cleptómana. Catarina Wallenstein reconhece que foi um privilégio único trabalhar com o realizador, contudo notou as diferenças no método de trabalhar. Estava em Paris, quando soube da possibilidade de trabalhar com Oliveira. Encontrou o cineasta que ficar ocupadíssimo entre computadores e faxes, quando a viu, disse simplesmente: «Está bem, está bem, tem loira de olhos azuis, agora deixe-me trabalhar». Assim aconteceu. A relação foi sempre distante e a comunicação difícil. «Ele tem uma grande preocupação com a expressão física. Muda sempre qualquer coisa. Diz que quer filmar com a cabeça em determinado ângulo. Os actores são dirigidos milimetricamente. É interessante o desafio de representar uma personagem com os movimentos fixados e dirigidos por outro».
Agora não tem nenhum projecto. Continua a estudar canto lírico. Sabe que quer fazer cinema. E que o mercado francófono é uma possibilidade. Está à espera de convites. Com estes filmes em cartaz é natural que, rapidamente, a caixa de correio fique cheia.

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